Imagem de duas crianças vestidas de marinheiro e usando lunetas

Verdades e mitos sobre o armazenamento de células‑tronco do cordão umbilical

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Verdades e mitos sobre o armazenamento de células‑tronco do cordão umbilical

Ícone - Mundo

UM PANORAMA GERAL DOS BANCOS PRIVADOS NO MUNDO

O serviço de armazenamento privado de células-tronco do sangue do cordão umbilical conta com aproximadamente 4 milhões de amostras armazenadas em 86 países no mundo, estando disponível nos EUA desde 1989, na Europa desde 1997 e no Brasil desde 2001.

As amostras armazenadas nos principais bancos privados possibilitaram mais de 1.000 usos terapêuticos em todo o mundo. Destes, aproximadamente metade dos casos foram de transplantes para tratar principalmente leucemias, anemias graves e talassemia. A outra metade dos casos se trataram de infusões experimentais autólogas (da própria pessoa), a maioria dentro de ensaios clínicos em paralisia cerebral e diabetes.

Ilustração de mãos segurando um coração
Ícone - Brasil

BANCOS PRIVADOS NO BRASIL

Imagem de pesquisadora segurando um tubo de ensaio

Segundo o último relatório da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), existiam mais de 150.000 unidades de células-tronco do sangue de cordão umbilical armazenadas em bancos privados no Brasil até o fim de 2020.

A Anvisa também aponta, no mesmo relatório, que, das amostras armazenadas em bancos privados no Brasil, 20 haviam sido utilizadas em transplantes e infusões até o final de 2020.

Ícone - Folha com coração

BANCOS PÚBLICOS NO BRASIL

Rede BrasilCord, conta com 13 Bancos Públicos de Sangue de Cordão, e tem o objetivo de diversificar o material genético disponível para transplantes de medula óssea e facilitar a localização de doadores compatíveis em todo o território nacional.

É uma Rede, que pertence ao Ministério da Saúde e é coordenada pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), para reunir os Bancos Públicos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário.O objetivo é armazenar amostras de sangue de cordão umbilical para aumentar as chances dos pacientes que não possuem um doador aparentado.

Das cerca de 19.500 mil bolsas que estão armazenadas nas 13 unidades em funcionamento da Rede BrasilCord, mais de 178 foram utilizadas para transplantes e 150 já estão identificadas como compatíveis para pacientes que ainda vão fazer o transplante.

(http://redome.inca.gov.br/cordao-umbilical/perguntas-e-respostas-cordao-umbilical/)

Foto de pesquisadores
Ícone - Ponto de interrogação

O DILEMA

Várias famílias se perguntam se “vale a pena” congelar as células-tronco do cordão umbilical em bancos privados. O assunto levanta, muitas vezes, diferentes opiniões na comunidade científica. Este debate muitas vezes peca pela transparência e ausência de fatos, dificultando as famílias no processo de tomar uma decisão informada sobre um tema em si já complexo. Para se ter uma ideia, dos quase 3 milhões de nascimentos por ano (IBGE, 2020) no Brasil, menos de 5.000 unidades são armazenadas em bancos públicos ou privados. Ou seja, mais de 99% dos cordões umbilicais são infelizmente descartados como lixo hospitalar.

Ícone - Polegar positivo

DE UM LADO, OS DEFENSORES DOS BANCOS PRIVADOS APONTAM QUE:

  • As células-tronco armazenadas em bancos privados em todo o mundo já viabilizaram mais de 500 transplantes (aparentados e autólogos) nos últimos 25 anos. Isto representa que aproximadamente 1 em cada 7.500 pessoas que armazenou suas amostras, efetivamente precisou usá-la. Adicionalmente, outras 500 crianças também se beneficiaram de terapias autólogas participando de ensaios (pesquisas) clínicos para estudar a aplicação de células-tronco de sangue de cordão umbilical no tratamento de doenças como paralisia cerebral e diabetes tipo 1.
  • De fato, a probabilidade de uma pessoa vir a precisar de um transplante de medula óssea alogênico (células de um doador) ou autólogo (células da própria pessoa) já havia sido estimada em um artigo científico de 2008 como sendo de 1 em 217 casos de 0 a 70 anos de idade, e de 1 em 5.000 casos até 10 anos de idade.
  • As amostras de células-tronco armazenadas em bancos privados são prioritariamente para uso familiar e não restritas ao uso pela própria pessoa (autólogas). No Brasil, 12 transplantes alogênicos  e 9 infusões autólogas (transplantes e terapias experimentais) já foram realizados com amostras armazenadas em bancos privados, todos eles com a autorização da Anvisa.
  • Segundo o portal de pesquisas científicas do governo americano (www.clinicaltrials.gov), em julho de 2017 havia 237 ensaios clínicos ativos, 96 deles para estudar a aplicação de células-tronco de sangue de cordão umbilical no tratamento de doenças hematológicas, imunológicas, neurológicas, entre outras. Outros 141 estudos utilizam as células-tronco do tecido do cordão umbilical para o tratamento de doenças comumente encontradas e ainda sem cura, como diabetes, Alzheimer, esclerose múltipla, AVC, lúpus, entre outras.
  • As células-tronco de sangue de cordão umbilical são mais imaturas do que as células-tronco da medula óssea de um adulto. Por este motivo elas são mais tolerantes imunologicamente, o que viabiliza transplantes com menor grau de compatibilidade.
  • As células-tronco do sangue do cordão umbilical ficam criopreservadas e, portanto, disponíveis imediatamente em caso de necessidade. No caso das células doadas ao banco público, não há garantia de que as amostras doadas estarão à disposição da pessoa caso ela precise, além, é claro, da busca por um doador compatível muitas vezes ser infrutífera, particularmente no caso de famílias de etnia miscigenada.
Ícone - Polegar negativo

DO OUTRO LADO ENTRAM OS ARGUMENTOS DOS QUE NÃO APOIAM O ARMAZENAMENTO EM BANCOS PRIVADOS:

  • A probabilidade de uma família ou de uma criança vir a precisar de uma unidade de células-tronco do sangue do cordão umbilical para uso terapêutico é baixa.
  • Os transplantes autólogos de medula óssea (usando células do próprio paciente) são limitados para muitas doenças em virtude do risco da enfermidade retornar. A herança genética da doença pode estar na célula-tronco.
  • A maioria dos transplantes de medula óssea realizados com sangue de cordão umbilical foram alogênicos não aparentados (doação entre pessoas sem parentesco) e com amostras de bancos públicos.
  • Não há garantia de que as atuais pesquisas se transformem em protocolos de tratamentos de doenças com as células-tronco de sangue ou do tecido do cordão umbilical.
  • Existem estudos para tratamentos de células-tronco provenientes de outras fontes, como a medula óssea, a gordura e o dente de leite.
Ilustração de bebê sorrindo

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Referências Bibliográficas

1. KK Ballen, F Verter and J Kurtzberg – Bone Marrow Transplantation (2015)

2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Relatório de Avaliação dos Dados de Produção dos Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário – 2016.
Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/sangue-tecidos-celulas-e-orgaos/relatorios-de-producao-de-bancos-de-sangue-de-cordao-umbilical-e-placentario/relatorio-de-avaliacao-dos-dados-de-producao-dos-bancos-de-sangue-de-cordao-umbilical-e-placentario-2016.pdf/view

3. Link: https://www.inca.gov.br/wps/wcm/connect/orientacoes/site/home/rede_brasilcord

4. hornley I, Eapen M, Sung L, et al. private cord blood banking:
Experiences and views of pediatric hematopoietic cell transplantation physicians.
Pediatrics 2009;123:100-7

5. Nietfeld JJ, Pasquini MC, Logan BR, et al.
Lifetime probabilities of hematopoietic stem cell transplantation in the U.S Biol Blood Marrow Transplant 2008;14:316-22

6. Link: https://clinicaltrials.gov/ct2/results?term=cord+blood+stem+cells
Artigo da Bone Marrow Transplant confirma utilidade de células-tronco do sangue do cordão.

Foto de Ipad com capa de e-book de bebê

Ainda com dúvidas? Acesse esse material imperdível sobre porque as células-tronco do cordão são tão especiais!