O testemunho da família brasileira que usou células-tronco do sangue de cordão para tratamento de paralisia cerebral

Em julho de 2019, a equipe da CordVida teve o prazer de passar uma manhã com a família Salomão, pais da Fiorella, uma adorável menininha que teve as células-tronco armazenadas com a CordVida e que precisou usá-las para tratamento. Acompanhe essa emocionante história:


Kalinka, mãe de Fiorella

A complicação

Foi uma gravidez tranquila, exames ótimos, parto perfeito, mas no seu segundo dia de vida, Fiorella teve uma parada cardiorrespiratória. O incidente trouxe uma lesão cerebral e com isso um atraso motor. O que inicialmente foi um susto, na realidade, foi o começo de uma emocionante jornada para toda a família.

O tratamento

Através de um documentário na televisão, os pais da Fiorella conheceram o estudo que vinha sendo realizado pela Duke University nos EUA e do qual Fiorella só poderia participar se tivesse armazenado suas próprias células do sangue do cordão umbilical. “Estávamos então no lugar certo, porque tínhamos congelado as células da Fiorella com a CordVida e vocês tinham uma parceria com a Duke”, disse Kalinka, a mãe de Fiorella.


Sobre a paralisia cerebral

A paralisia cerebral (PC) é um transtorno motor que afeta 1 em cada 400 nascidos vivos nos EUA. Pode ocorrer por causa de alguma intercorrência intra-útero, perinatal, ou acidentes cardiorrespiratórios, resultando normalmente em uma lesão cerebral isquêmica. As crianças afetadas têm diferentes graus de deficiências funcionais, apresentando desde limitações leves de habilidades motoras, até severas restrições para realizar atividades de forma independente.

Ilustração de bebê com um sinal de alerta perto da cabeça

O uso das células-tronco do cordão umbilical

As células-tronco da Fiorella foram enviadas de São Paulo para os EUA. Ela recebeu a primeira infusão com 1 ano e a segunda com 2 anos de idade. Há ainda a possibilidade de uma terceira infusão que dependerá das determinações médicas. As infusões ocorreram sem qualquer intercorrência.

Atualmente, a base do tratamento da paralisia cerebral são as terapias para otimizar as funções motoras e a qualidade de vida. Embora a cura ainda não esteja disponível, existem fortes evidências de que as células do sangue do cordão umbilical, uma vez infundidas na corrente sanguínea, podem enviar sinais para células no cérebro (sinalização parácrina endógena), promovendo uma ação anti-inflamatória e reparadora do tecido neurológico danificado, melhorando a função motora dessas crianças.¹


Como está a Fiorella hoje?

Acabando de completar seu aniversário de 6 anos em maio deste ano, Fiorella tem um dia a dia intenso, como qualquer outra pessoa que não tem essa dificuldade. Faz fisioterapia e vai, todos os dias, para a escola bilíngue de que tanto gosta. É uma evolução intensa e contínua.

Kalinka, mãe de Fiorella

“O desenvolvimento dela é rápido e seu entendimento é ótimo! A força de vontade dela é incentivadora para nós…”

(Kalinka, mãe de Fiorella)

Ilustração das etapas do tratamento da Fiorella
Imagens da liberação e infusão das células-tronco da Fiorella

O tratamento da Fiorella só foi possível porque a família havia armazenado as suas células. “Imagina se eu soubesse desse tratamento e não tivesse congelado as células? A gente espera nunca precisar, mas quando eu precisei, graças a Deus eu tinha feito. Meu conselho para qualquer pai é congelar, com certeza”, complementou a mãe.


Ilustração de cérebro
Ícone - Resultados

Os resultados do estudo de Duke

Logo Duke University

Um ano após o início das infusões se observou que ambos os grupos melhoraram mais do que o esperado com base na idade dos pacientes.
Entretanto, as crianças que tinham sido randomizadas para receber infusões com unidades de sangue de cordão com celularidade total acima de 3×107/kg demonstraram melhora maior em comparação com indivíduos que receberam doses mais baixas de células ou placebo, independente da idade do paciente ou tipo/gravidade da paralisia cerebral.

A influência da dose celular infundida, na melhora da conectividade cerebral, foi confirmada com a análise dos dados obtidos aos 2 anos. Os pacientes que receberam uma maior celularidade tiveram um aumento mais signifi cativo da conectividade normal do cérebro do que as crianças que receberam doses mais baixas.

Esses achados têm importantes implicações para o tratamento de crianças com PC e devem ser mais explorados em estudos futuros. O grupo da Duke University já anunciou o ensaio da fase III deste estudo com seu início ainda em 2019.¹


(1) ARTIGO ORIGINAL

Sun, J. M., Song, A. W., Case, L. E., Mikati, M. A., Gustafson, K. E., Simmons, R., Goldstein, R., Petry, J., McLaughlin, C., Waters-Pick, B., Chen, L. W., Wease, S., Blackwell, B., Worley, G.,
Troy, J. and Kurtzberg, J.

(2017), Effect of Autologous Cord Blood Infusion on Motor Function and Brain Connectivity in Young Children with Cerebral Palsy: A Randomized, Placebo-Controlled Trial. STEM CELLS Translational Medicine. doi:10.1002/sctm.17-0102