Relato do caso na conferência: Retrovírus e Infecções Oportunísticas, Denver, Colorado – EUA
HIV
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da Aids, esse retrovírus ataca o sistema imunológico, tendo como principal alvo os linfócitos T CD4+, que são responsáveis por iniciar e orquestrar a resposta do organismo a infecções. Quando os linfócitos T auxiliares CD4+ estão deficientes, toda a resposta imune fica comprometida. Além de ficarem suscetíveis a quadros infecciosos, as pessoas com HIV possuem um maior risco de desenvolver leucemias, linfomas e outros tumores sólidos.
Incidência do HIV
Entre 1980 e 2021, foram identificadas mais de 1 milhão de pessoas infectadas pelo HIV no Brasil. Estima-se que em 2020, cerca de 37 milhões de pessoas em todo o mundo estavam vivendo com o vírus.
Apesar de uma diminuição na taxa de mortalidade, ainda não há um protocolo que garanta a cura da doença.
Cura com o uso de células-tronco do cordão umbilical
Durante mais de três décadas, foi documentado o sucesso do transplante de células-tronco do sangue do cordão umbilical no tratamento de mais de 80 doenças, como: leucemias, linfomas, neuroblastomas e mielomas múltiplos.
Em fevereiro de 2022, o caso apresentado na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunísticas, em Denver, chamou a atenção da comunidade científica mundial. Trata-se do uso de células-tronco do cordão umbilical para tratar uma pessoa com HIV que necessitava de transplante devido à leucemia.
É o primeiro caso envolvendo o sangue de cordão umbilical, pois os anteriores haviam sido realizados utilizando apenas células-tronco da medula óssea de um doador. E é também a primeira paciente mulher que pode ser considerada curada do HIV. A cura ocorreu após receber transplante, sem a necessidade de retomar os antirretrovirais, durante 14 meses.
De onde vieram as células-tronco usadas no caso da cura do HIV?
As células-tronco foram coletadas do cordão umbilical de um bebê e do sangue periférico de um parente de primeiro grau parcialmente compatível com a paciente.
Como a cura desta paciente ocorreu?
Ocorreu devido à presença da mutação genética CCR5-delta 32 nas células do sangue do cordão umbilical. Essa modificação faz com que as células sejam imunes ao vírus HIV. Assim, a nova medula óssea do paciente produz células que não podem ser infectadas pelo HIV.
Por serem mais imaturas, as células do cordão umbilical podem ser usadas mesmo não sendo totalmente compatíveis com o paciente.
Essa imaturidade possibilita uma maior disponibilidade de amostras compatíveis e resulta também em menor incidência de doença do enxerto versus hospedeiro (GVHD), um dos principais efeitos colaterais ao se realizar um transplante de medula óssea alogênico (com o uso de células de outra pessoa).
A importância das células-tronco
Este é mais um exemplo da capacidade e importância do uso das células-tronco do cordão umbilical. A expectativa é que à medida que novas evidências e pesquisas sejam geradas, mais doenças sejam adicionadas à lista de tratamento.
Referências:
- Link: http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-e-hiv
- Link: http://indicadores.aids.gov.br/
- Link: https://unaids.org.br/estatisticas/
- Link: https://bancos-celulas-madre.org/
- Link: https://www.reuters.com/business/healthcare-pharmaceuticals/first-woman-reported-cured-hiv-after-bone-marrow-transplant-2022-02-15/