Falência ovariana precoce (FOP), causas, sintomas e tratamentos
A FOP, ou insuficiência ovariana prematura (IOP), é uma condição que leva à perda precoce das funções ovarianas em mulheres jovens. Segundo estudos publicados no PubMed, ela afeta aproximadamente 3,5% das mulheres no mundo, com aumento do número de casos nos últimos 20 anos. Possíveis causas são: fatores genéticos, doenças autoimunes, radioterapia, quimioterapia ou cirurgia, mas muitas vezes são desconhecidas. A FOP pode levar a irregularidades menstruais, baixos níveis de estrogênio e altos níveis de FSH, resultando a longo prazo em problemas ósseos, cardiovasculares, disfunção sexual e psicológica, além da infertilidade.1-4
Medicina regenerativa e FOP
A prevenção do envelhecimento ovariano tem sido um foco de pesquisas devido ao aumento das gestações tardias. Ainda que a terapia de reposição hormonal seja o principal tratamento, ela nem sempre restaura a função ovariana. Por isso novas técnicas vêm sendo estudadas, entre elas o transplante de células-tronco, especialmente as células mesenquimais (MSCs), provenientes de fontes como medula óssea, cordão umbilical e tecido adiposo, que fazem parte da medicina regenerativa.5-8
Racional para a utilização de células-tronco mesenquimais para tratamento de FOP
A terapia com MSCs é promissora para aumentar a funcionalidade ovariana devido ao seu potencial regenerativo e baixa imunogenicidade. A premissa é que seu efeito ocorra via ativação parácrina, ou seja, sinais do corpo fazem com que as células se direcionem ao ovário danificado para aderir e multiplicar. Ensaios pré-clínicos confirmam que as MSCs secretam fatores de crescimento (VEGF, FGF-2, EGF, IGF-1), reduzem a apoptose celular e promovem a neovascularização ovariana, além de possuírem efeitos antifibróticos, anti-inflamatórios e imunomoduladores.8-10
Panorama de ensaios clínicos em andamento com células-tronco do cordão umbilical (UCMSCs)
Há diversos estudos abertos avaliando o uso de células mesenquimais para insuficiência ovariana. Os estudos focados no tratamento de FOP com UCMSCs têm como objetivos: avaliar o desenvolvimento folicular em 9-12 meses após a infusão de UCMSCs no ovário comparado à reposição hormonal, qual a melhor via de infusão (intravenosa ou intraovariana) e a melhor dose celular em termos de eficácia e segurança.
Especial destaque para:
Estudo de análise clínica do transplante de células mesenquimais provenientes de cordão umbilical em pacientes com insuficiência ovariana precoce, Hospital Universitário de Guangzhou, China, Fase 2
Investigação da restauração das funções ovarianas por seis meses de 61 pacientes submetidas à reposição hormonal associada a até três infusões intraovarianas de UCMSCs de doadores alogênicos, guiadas por ultrassonografia transvaginal, nas doses de 0,5-1,0 x 107 UCMSCs.
Resultados
Após a primeira infusão, 31,1% das pacientes desenvolveram folículos maduros. Após a segunda e terceira infusão, mais 11,8% e 13,3% das pacientes também tiveram o desenvolvimento folicular, totalizando 56,2% das pacientes. Destas, duas pacientes recuperaram a função menstrual e ocorreram quatro gestações completas. Em conclusão, o estudo mostra que de fato há melhora no crescimento folicular e função ovariana sem eventos adversos graves ou complicações relacionadas ao procedimento e que pacientes com menos de um ano de amenorreia tiveram maior sucesso , sugerindo maior eficácia da terapia em fases mais precoces da doença.
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Conclusão
Mesmo com o crescente número de estudos com terapia com células-tronco, precisa-se ainda definir o melhor tratamento, momento, dose e local de infusão. No entanto, os avanços nas pesquisas comprovam o grande potencial da terapia com células-tronco na FOP e evidenciam a perspectiva de beneficiar mais pacientes em um futuro próximo.