O Uso de Sangue de Cordão Umbilical para Tratamento de Crianças com Transtorno do Espectro Autista

Um resumo do mais recente estudo da Duke University – ensaio clínico fase II


Ilustração de fundo

Sobre o autismo

O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado pela comunicação social prejudicada e comportamentos restritivos e repetitivos. Tratamentos comportamentais melhoram os resultados; no entanto, muitos indivíduos com TEA apresentam sérios comprometimentos cognitivos necessitando de suporte permanente ao longo de toda a vida. Os tratamentos disponíveis podem amenizar os sintomas associados (como irritabilidade), mas não levam à cura.

Por que ocorre?

As causas (etiologia) do TEA envolvem fatores genéticos e ambientais.

Atividade elétrica cerebral atípica, elevados níveis de proteínas (citocinas) pró-inflamatórias circulantes no sangue, genes reguladores associados à ativação de células cerebrais e infl amação localizada têm sido associados ao TEA.

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Crianças norte-americanas são diagnosticadas atualmente com autismo, segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC).


Células-tronco do sangue do cordão

A hipótese a ser validada no presente estudo, conduzido pela Duke University, EUA, seria de que a infusão de sangue de cordão umbilical (SCU) facilitaria a proteção/reparo das células neurais, reduziria a inflamação e, assim, melhoraria a comunicação social. O racional seria de que um tipo de célula presente no SCU, os monócitos CD14+, atuaria pela sinalização de célula para célula modulando a inflamação neurológica e/ou outras anormalidades imunológicas, melhorando, assim, as funções e o comportamento do cérebro.

Fase 2

Este estudo incluiu 180 crianças com TEA, com idades entre 2 e 7 anos, que receberam uma única infusão intravenosa das próprias células de SCU (n = 56) ou de células de SCU de outras pessoas (n = 63) versus placebo (n = 61) e foram avaliadas no 3º, 6º, 9º e 12º meses pós procedimento.

Para análise dos resultados, foram utilizadas medidas validadas e normatizadas (avaliações clínicas, questionários e escores próprios para TEA), além da utilização de outros dois marcadores: eletroencefalograma (EEG) e o teste de rastreamento ocular aos estímulos dinâmicos (eye tracking).


Ilustração de fundo
Ícone - Resultados

Resultados

Resultados de potencial eletroencefalográfico alfa e beta em 6 meses para participantes com QI>70.

Gráfico de resultados de potencial eletroencefalográfico alfa
Gráfico de resultados de potencial eletroencefalográfico beta

Há indicação de que a infusão de SCU foi segura e bem tolerada. A análise sugeriu que em crianças com TEA sem déficit intelectual (QI>70), o tratamento com SCU estava associado com melhora nas habilidades de comunicação, aumento da atenção, e mudanças na atividade cerebral caracterizada pelo aumento da capacidade neurológica (potencial eletroencefalográfico alfa e beta) em todas as regiões do cérebro.

No presente estudo, o achado de aumento da duração do olhar para estímulos dinâmicos complexos (eye-tracking) e o aumento da capacidade neurológica sugerem que o tratamento com SCU pode afetar o nível de estímulo cerebral causando melhora dos níveis de cognição.

Crianças com déficit intelectual (QI<70) não apresentaram melhoras clínicas com o tratamento com SCU.


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Conclusão

Os resultados deste ensaio clínico sugerem que a infusão de SCU, em crianças com TEA e sem déficit intelectual (QI>70), pode ser uma terapia eficaz.


Artigo original:

A phase II randomized clinical trial of the safety and effi cacy of intravenous umbilical cord blood infusion for treatment of children with autism spectrum disorder. The Journal of Pediatrics