30 anos de uso do sangue do cordão em transplantes

Os resultados do maior e mais longo estudo já realizado.


Foto de Hal Broxmeyer

Um pouco da história

Há 40 anos, Hal Broxmeyer demonstrou que o sangue de cordão umbilical possuía células-tronco hematopoéticas (CTH) e considerou sua utilização como fonte alogênica de células-tronco para resgate da medula óssea submetida à quimioterapia.

Em 1988, Gluckman e cols. relataram o primeiro transplante de sangue de cordão umbilical (TSCU) de irmão compatível em uma criança com anemia de Fanconi, realizado com sucesso. Desde então, mais de 40.000 TSCUs foram feitos em todo o mundo.

Foto de Hal Broxmeyer

Um pouco da história

Há 40 anos, Hal Broxmeyer demonstrou que o sangue de cordão umbilical possuía células-tronco hematopoéticas (CTH) e considerou sua utilização como fonte alogênica de células-tronco para resgate da medula óssea submetida à quimioterapia.

Em 1988, Gluckman e cols. relataram o primeiro transplante de sangue de cordão umbilical (TSCU) de irmão compatível em uma criança com anemia de Fanconi, realizado com sucesso. Desde então, mais de 40.000 TSCUs foram feitos em todo o mundo.


O estudo

Para avaliar os resultados de TSCUs ao longo das últimas três décadas, foi realizado um estudo retrospectivo multicêntrico conduzido por meio de uma colaboração do Eurocord/Grupo Europeu de Transplante de Medula Óssea e do Programa de Transplante Pediátrico e Terapia Celular da Duke University, dos Estados Unidos.

O estudo considerou uma grande amostra de crianças tratadas com TSCU não aparentado em um período de 28 anos, a partir de 1993. O universo estudado foi de 4.834 crianças transplantadas sendo 4.015 do Eurocord e 819 da Duke University.

Do total dos transplantes realizados, 58,7% trataram doenças hematológicas malignas, como leucemias, e 41,3% dos casos trataram doenças hematológicas não malignas como: problemas no metabolismo, imunodeficiências e falências medulares.

Observações importantes

Ícone - Número 1

A sobrevida global melhorou de 41,8% antes de 2005 para 60% depois de 2010. Isso pode ser atribuído ao uso de amostras com maior compatibilidade HLA e maior celularidade.

Ícone - Número 2

Deve-se priorizar a compatibilidade entre doador e receptor, a qual influenciou todos os resultados, incluindo sobrevida, mortalidade relacionada aos transplantes (MRT), enxertia e a doença do enxerto contra hospedeiro (DECH).

Ícone - Número 3

A celularidade adequada de uma amostra de SCU deve ser maior que 2,5 x 107 (25 milhões) do total de células nucleadas (TNC) por quilo do paciente. Quanto maior a celularidade da amostra, maiores taxas de enxertia e sobrevivência foram observadas.

Ilustração de médico realizando tratamento em paciente
Ícone - Conclusão

Conclusões

Das 4.834 crianças transplantadas com uma única amostra de SCU para TSCU, podemos concluir que houve um grande avanço nos protocolos médicos que propiciaram a melhoria nos resultados de TSCU.

O tempo de enxertia e de hospitalização foram reduzidos com o aumento da celularidade da amostra e maior compatibilidade, além de observarmos a diminuição da MRT.

Atualmente os resultados do TSCU se comparam favoravelmente com outras fontes de células-tronco hematopoéticas em pacientes sem um doador aparentado compatível. Fica claro que o sangue do cordão, mais do que nunca, se estabelece como uma rica e segura fonte de células-tronco hematopoéticas.

Cenário ainda mais promissor

Com a recém-aprovada técnica de expansão celular laboratorial (ex-vivo) pelo FDA, os resultados de transplantes de sangue de cordão umbilical mostram-se ainda melhores, apresentando diminuição do tempo de enxertia, dias de hospitalização e da MRT. Em centros médicos experientes que participaram das pesquisas de expansão celular, os resultados dos TSCU usando essa técnica são superiores aos resultados de transplantes de medula óssea utilizando outras fontes de células-tronco hematopoéticas ou ao próprio sangue do cordão sem a expansão celular.


A evolução dos resultados pós-transplante do sangue do cordão faz com que essa opção terapêutica valiosa continue recebendo toda a atenção da comunidade científica.

Artigo original:

  1. Unrelated Donor Cord Blood Transplantation in Children: Lessons Learned Over 3 Decades
    Joanne Kurtzberg, Jesse D Troy, Kristin M Page, Hanadi Rafii El Ayoubi, Fernanda Volt, Graziana Maria Scigliuolo, Barbara Cappelli, Vanderson Rocha, Annalisa Ruggeri, Eliane Gluckman
    Stem Cells Translational Medicine, 2023, 12, 26–38 https://doi.org/10.1093/stcltm/szac079